segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sonhos e Rabanadas


Assim que se entra em casa sente-se o cheiro da lenha queimada e do óleo quente... lá bem ao fundo o aroma a leite quente e canela.


Os homens ainda andam de volta da mobilia de sala, tranformando um espaço de 4 num espaço para 16. Falam dos feitos dos seus clubes de futebol como se fossem seus e falam dos seus 'vaidorgulhosos' porque o mais novo vai ser mecânico como o pai e a rapariga até vai bem nos estudos. Decidem quem vai à adega, atestar os jarros...


As mulheres reunem-se à volta do fogão, uma amassa, outra frita.

Falam dos acontecimentos do ano, do primo que casou, do tio que este ano não vem de França passar o Natal, da afilhada da vizinha que teve bebé... os saberes que trazem para perto os que ficaram longe.


As crianças de joelhos em cima de um banco ouvem atentas a conversa dos crescidos. Aproveitam às escondidas, para molhar o dedo no açucar amarelo, misturado com canela que vai servir para polvilhar as rabanadas.


Sonhos de comer, sonhos de sonhar... às vezes misturam-se.... e este é um dia de misturar todos os sonhos.


Todos nós, meninos Jesus em potência, com a capacidade de muder o Mundo, neste dia partilhamos com os nosso mais amados a nossa boa vontade, a nossa alegria, o nosso amor. Podemos misturar os Sonhos e as Rabanadas. Enchemos assim o estômago e o coração.


Sabedoria passada de geração em geração... cada mãe que ensina a uma filha a fazer farófia e aletria, cada avô que ensina o seu neto a descascar nozes, o tio que leva o seu sobrinho a descobrir Pink Floyd, ensinam mais que isso.Ensinam a generosidade da partilha e da disponibilidade. Ensinam o que é não estar só.


Cada Pai, Pai Natal por um momento, alimenta os Sonhos, enquanto cada mãe nos faz deliciosas Rabanadas.

2 comentários:

Ela disse...

Pois, onde é que nós estavamos nesta altura!?
A colher amoras, a correr pela avenida abaixo até à estação, sentadas no banco, virado ao contrário a ver t.v, a espreitar por debaixo da saia da avó, a empurrar a carripana do avó, a deitar a feijoada do nosso almoço fora, a visitar o cemitério?!....

Anónimo disse...

Nós conversávamos pela noite dentro, até lá ir alguém mandar calar, tu querias ser crescida para me ofereceres a barvie que ninguém me deu e eu adoro-te do fundo do coração, incondicionalmente por isso!!
(Cláudia)