sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Espreitadela ao Papalagui



Nós sabemos que o homem branco não compreende os nossos costumes. Um pedaço de terra parece-lhe igual a outro porque ele é como um estrangeiro que chega de noite e tira da terra o que precisa. A terra não é a sua irmã mas o seu inimigo; quando a conquista passa adiante... Ele trata a sua mãe-terra e o seu irmão-céu como coisas que se compram, se exploram, se vendem como gado ou pérolas brilhantes. O seu apetite devorará a terra e deixará atrás de si o deserto. Não sei. Os nossos costumes são diferentes dos vossos. O olhar para as vossas cidades faz mal aos olhos do pele-vermelha. Mas pode não ser porque o pele-vermelha seja um selvagem e não compreenda... Nós, ao menos, sabemos isto: a terra não pertence ao homem. O homem pertence à terra. Isto sabemos nós.




[O Papalagui, discursos de tuiavii chefe de tribo de tiavéa nos mares do sul, Antígona]






Este foi o primeiro livro que comprei. Tinha na altura 16 anos.


Continua a fazer bastante sentido, e talvez cada vez mais.


Foi muito importante pois ensinou-me a olhar para o mundo através dos olhos do(s) outros(s). Ensinou-me também a relativizar e a definir prioridades. Não tenho dúvidas que moldou o meu carácter pouco materialista. Também me ajudou a querer conhecer a natureza e a querer viver de uma forma mais em concordância com os ciclos naturais.




O livro retrata os discursos de tuiavii chefe de tribo de tiavéa nos mares do sul (Samoa), ao chegar de uma visita ao mundo ocidental. Estes discursos são reais. De uma forma simplista e quase infantil, este chefe analisa a forma como vivemos. Acreditem que nos vamos rir bastante de nos mesmos e que quase nos sentimos ridiculos em certas situações.


Aproveitem este bom bocado.

RVCC


Foi há cerca de um ano que me inscrevi no Centro de Novas Oportunidades. Foi pouco depois do ultimo post que iniciei o processo.


Foi um fim de ano bastante atribulado por isso mesmo.


Estou a terminar então o 12º Ano e estou a adorar o processo. É exigente, mas costuma dizer-se que 'quem corre por gosto não cansa'.


Está a ser revigorante e recomendo vivamente. Se já vos passou pela ideia terminar algum nível de escolaridade, 9º ou 12º anos, ganhem coragem e avancem.


Os companheiros de grupo, tal como vocês, estarão lá por vontade.

De ouvir falar, os coordenadores e formadores de outros grupos em diferentes locais, são bastante dedicados e dão bastante apoio.


A minha coordenadora e os meus formadores têm sido excepcionais com todo o grupo.

Fica aqui o meu obrigado pela disponibilidade de todos, já agora.


Embora eu tenha alguma dificuldade em confiar nas instituições, tenho que admitir que as pessoas fazem a diferença. Embora todos tenham que se reger pelas mesmas regras, há sempre algo mais que se pode fazer.
Não tenho a menor dúvida que este projecto funciona porque quem está por trás de dedica verdadeiramente.

Acredito que este centro onde estou tem uma boa equipa de trabalho, a todos os níveis mesmo.



Por tudo isto aqui fica:

Invistam em vocês mesmos.

O saber não ocupa lugar.


Um processo de RVCC vai fazer com que se descubram a vocês mesmos. Vai dar trabalho, vão ter dificuldades e às vezes vai parecer que não sabem para onde têm de ir.

Não há crise, vai sempre haver alguém com quem falar, com quem esclarecer.


Mas vai também haver momentos de satisfação. O processo mostra-nos a pessoa que somos. Ao descobrirmos o que somos, sentimo-nos realizados. Ao termos a nossa vida avaliada por olhos estranhos, temos a opinião avalizada de que a nossa vida e nós mesmos temos valor. Vai para além do 'diploma'. Está bem, ficamos com a certificação no fim... mas mais do que isso, ficamos com o percurso.
Estou encantada e recomendo a quem tenha o 12º por acabar que aproveite esta Nova Oportunidade.
Este é o link para poderem dar o primeiro passo.
Ainda nem sequer vou a meio e garanto que já valeu a pena.